A prevalência dos tumores nos animais, vem aumentando consideravelmente nos últimos anos devido à maior longevidade dos animais, assim como a maior procura por atendimento veterinário e meios diagnósticos mais modernos e acessíveis que possibilitaram identificar mais casos oncológicos. Dentre os diversos tumores em cães, o osteossarcoma em cães é um desses possíveis diagnósticos. 

Para saber o que é osteossarcoma em cachorro, é preciso entender que ele é uma neoplasia, uma proliferação descontrolada e anormal de um grupo de células. Sendo maligna, atinge outros órgãos, causando grande prejuízo à saúde do animal.

osteossarcoma, ou sarcoma osteogênico, é um tumor ósseo primário, ou seja, que se origina nos ossos. É o tumor primário mais comum em humanos e cães, porém nestes a incidência é 40 a 50 vezes maior e representa 80 a 95% das neoplasias ósseas dos cães.

Essa doença desenvolve-se principalmente nos ossos longos dos membros, sendo este o tipo que acomete 75% dos cães com osteossarcoma. Os outros 25% ocorrem no crânio e outros ossos que não os dos membros. A localização é importante pois o comportamento é normalmente mais agressivo nos casos de osteossarcoma em ossos longos. 

É uma enfermidade que acomete preferencialmente fêmur, rádio e ulna de cães de raças grandes e gigantes, sendo que a probabilidade de sua ocorrência aumenta em até 185 vezes nos cachorros que pesam 36 kg ou mais.

As raças mais acometidas são o Rottweiler, Setter Irlandês, São Bernardo, Pastor Alemão, Doberman, Labrador Retriever, Golden Retriever, Boxer, Mastiff, Mastim Napolitano, Terra Nova e Dogue Alemão.

Cães machos e fêmeas são igualmente acometidos, mas nas raças São Bernardo, Dogue Alemão e Rottweiler as fêmeas parecem ser mais acometidas que os machos, embora isso ainda seja controverso e nem todos os estudos corroboram com esse achado.

Embora ocorra com maior frequência em animais de meia-idade a idosos, a idade média de acometimento é de 7,5 anos. Raramente acomete cães filhotes com até seis meses de idade.

A causa do osteossarcoma em cães permanece desconhecida. A teoria mais aceita é de que esse tumor tende a acometer os ossos que sustentam o peso dos animais grandes e que esses ossos tendem a sofrer pequenos e múltiplos traumas ao longo da vida, favorecendo ao desenvolvimento do câncer.

Assim, levando possível justificativa de menor ocorrência em animais de pequeno porte, pois a sobrecarga nesses ossos seria menor associado ao fechamento mais precoce das placas epifisárias (placas de crescimento).

Embora a causa certa permaneça um mistério, existem relatos de osteossarcoma em cães com fraturas dos membros mal-tratados, especialmente as que sofreram infecção ou instalação de corpos estranhos metálicos.

A terapia de radiação para tratamento de sarcomas de tecidos moles (não ósseos) pode ser uma causa do osteossarcoma canino, pois alguns animais submetidos a este tratamento desenvolveram o tumor de dois a cinco anos após a radiação.

Trata-se de um tumor maligno e extremamente agressivo, de rápida evolução, com alta capacidade metastática, principalmente em pulmões, sendo este órgão o alvo de preferência em 90% dos casos. Metástases para os gânglios linfáticos são raramente observadas. 

Sintomas do osteossarcoma

O osteossarcoma em cães promove sinais de rápida evolução e que são facilmente percebidos pelo tutor, porém o atendimento veterinário desses animais geralmente é tardio, quando a doença já está avançada.

De início o cão começa a mancar devido à dor no membro afetado. É possível também perceber um pequeno aumento de volume, geralmente na protuberância óssea acometida.

Com a evolução da doença, o tumor começa a aumentar e comprimir os tecidos ao redor, podendo acarretar em obstrução dos vasos linfáticos e causar grande inchaço nos membros.

Esse tipo de câncer é bem duro, firme e doloroso ao toque. Dependendo do tempo de evolução da doença, o animal passa a não apoiar o membro, forçando o outro a trabalhar mais, causando lesões também nesse membro.

Como apesar da dor os animais continuam comendo e bebendo normalmente, os tutores pensam que é algo passageiro, o que atrasa o diagnóstico precoce da enfermidade e beneficia sua evolução.

Sinais respiratórios, nos casos de metástases, são inicialmente assintomáticos, mas com o decorrer da doença o cão pode apresentar dificuldade respiratória, emagrecimento, prostração, febre e tosse.


Diagnóstico

O diagnóstico dessa neoplasia óssea deve ser feito rapidamente através dos sinais clínicos, exame físico minucioso e exames complementares, sendo o raio x para avaliação óssea um dos mais utilizados por ser o de custo mais acessível aos tutores.

Esse exame sozinho não deve ser usado para fazer o diagnóstico definitivo do osteossarcoma, pois outras doenças podem levar a alterações de imagens semelhantes, mas levando-se em conta o histórico do animal e o grau de dor observado na consulta, é possível chegar a um bom grau de suspeita diagnóstica.

Para se ter certeza de que se trata mesmo desta neoplasia, a biópsia em campo fechado é recomendada. Trata-se de da coleta de amostras da região através de agulhas de diversos diâmetros com precisão diagnóstica de 93%.

Tratamento

Osteossarcoma em cães tem cura? A amputação do membro afetado ainda é o melhor tratamento para essa afecção. Feito precocemente,  irá possibilitar o diagnóstico da doença em fases mais iniciais e consequentemente reduzir o risco de metástases, melhorando a qualidade de vida do paciente por maior tempo.

Após a cirurgia, a continuação do tratamento com a quimioterapia é possível, com o objetivo de destruir o máximo possível de células do câncer ainda presentes na circulação ou em órgãos. O controle das células metastáticas presentes no organismo irá possibilitar maior tempo de vida para os pacientes. 

A quimioterapia na medicina veterinária segue princípios de utilização semelhantes ao que é realizado na medicina, porém é possível observar maior tolerância nos animais em comparação aos humanos. 

Com o objetivo de manter a qualidade de vida durante o tratamento os protocolos são ajustados a doses mais toleráveis aos animais, porém ainda sim em alguns casos é possível observar a ocorrência de alguns efeitos adversos como vômito, diarreia, perda de apetite e queda de imunidade, sendo os efeitos mais comuns. A necessidade de hospitalização devido aos efeitos adversos da quimioterapia são de cerca de 5% dos pacientes em tratamento.

Mesmo com tratamento, infelizmente, a cura no osteossarcoma em cães é observada em somente 15% dos casos. Ainda que a cura não seja possível na maioria dos pacientes com a evolução dos tratamentos como a cirurgia, quimioterapia e analgésicos, por exemplo, é possível promover qualidade de vida após o diagnóstico. 

Como forma de prevenção da doença, é recomendada a visita periódica ao veterinário daqueles animais de raças predispostas e também a consulta precoce nos casos de  dificuldade para andar, dor ou inchaço nos membros desses cães.


O osteossarcoma em cães é uma enfermidade penosa para a família do animal, pois tira muito cedo do nosso convívio um companheiro extremamente querido. Na menor suspeita da doença, procure seu veterinário de confiança, evitando, assim, sofrimentos futuros.